De acordo com o dicionário Oxford, loucura é o “distúrbio, alteração mental caracterizada pelo afastamento mais ou menos prolongado do indivíduo de seus métodos habituais de pensar, sentir e agir”.
E isso vai de encontro total com o sentimento de ausência de criatividade que surge, ou é reforçado, quando, com muita frequência, anulamos nossas vontades, pensamentos e ações.
Frequentemente, as condições de vida de nossa rotina empurram aquilo que realmente gostaríamos de fazer lááááá para baixo… e agimos em função das situações.
Nesse sentido, cabe a reflexão: se estou sujeito muito mais às situações do que aos meus anseios e vontades, então não sou sujeito, sou objeto, e isso é um tipo de afastamento do indivíduo de sua forma de pensar, sentir e agir, ou seja, um “flerte fatal” com a loucura.
O remédio para isso? CRIATIVIDADE. Afinal, é pelo ato criativo que conseguimos exprimir conflitos, expressar ideias, soltar o grito preso de nossas almas que, de outra maneira, virariam neuroses. Freud, aliás, pensava exatamente isso…
Em outras palavras, citando Kneller: “a criatividade seria uma espécie de purgativo emocional que mantém sã a mente das pessoas”.

No contexto organizacional, o grande problema se resume a uma pergunta: conseguimos exprimir o que sentimos e pensamos ou, com frequência, nos anulamos em função do ritmo frenético da rotina?
O ponto central, meus queridos, no fim das contas, é sobre SOFRIMENTO. Um sofrimento que se caracteriza por um estado de luta do sujeito contra forças que o empurram em direção à doença mental. Ou seja, forças que o afastam de si.
Nesse cenário, temos a organização do trabalho que, por meio de sua dinâmica organizacional, divisão de tarefas, ritmos impostos, hierarquias e sistemas de controle, pode reforçar ou amenizar essa luta.
Reforçar por meio de culturas rígidas, inflexíveis e de microgerenciamento; ou amenizar por meio de uma cultura de criatividade, flexível e conectada à vida.

Afinal, é justamente quando a organização do trabalho entra em conflito com o funcionamento psíquico das pessoas e todas as possibilidades de adaptação do sujeito à dinâmica organizacional são esgotadas, que emerge o sofrimento patogênico, como bem aponta a ergonomista Leda Leal Ferreira.
Já dizia (mais ou menos assim) uma grande mente que passou por este planeta: não quero somente me adaptar, quero me inserir! Se me adapto, sou objeto; se me insiro, sou sujeito.
Assim, na correria da vida, o que você tem feito para lembrar de si? O que você tem feito para não enlouquecer?
