Excesso de produtividade adoece jovens e aumenta número de AVCs
A perigosa busca por alta performance: entenda os riscos do uso indevido de estimulantes como o Venvanse
Vivemos em uma sociedade que glorifica a produtividade máxima. Em meio a prazos, metas e alta competitividade, cresce o número de jovens vestibulandos, concurseiros e profissionais em início de carreira que recorrem a atalhos perigosos para manter o foco e “performar” mais. Essa realidade revela algo preocupante: estamos mergulhados no espetáculo da produtividade — uma lógica perversa que transforma corpos e mentes em máquinas de entrega, custe o que custar.
O fenômeno Venvanse
Nesse cenário, o Venvanse (dimesilato de lisdexanfetamina), medicamento indicado para Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e compulsão alimentar, passou a ser consumido de forma indevida por pessoas saudáveis com o intuito de aumentar concentração e rendimento. A busca ilegal pelo remédio tem provocado, inclusive, escassez nas farmácias de estados como Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo levantamento do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos, o consumo de Venvanse no Brasil duplicou nos últimos dois anos, alcançando 1,4 milhão de caixas comercializadas — uma escalada que reflete o mesmo movimento visto nos Estados Unidos, onde as vendas chegaram a quase 4 milhões de caixas em 2022.
O que ele faz no corpo?
O Venvanse age forçando o organismo a entrar em um estado de “luta e fuga”. Isso eleva os níveis de noradrenalina e cortisol, resultando em aumento da frequência cardíaca, maior circulação sanguínea nos músculos, pupilas contraídas e uma sensação de foco extremo e raciocínio rápido — o famoso “ficar ligado”.
Porém, os riscos do uso indevido são gravíssimos. Médicos alertam que o Venvanse, quando usado sem prescrição, pode provocar efeitos semelhantes aos de drogas como a cocaína. Os malefícios vão desde hipertensão, arritmia e insônia até casos extremos de ataque cardíaco, AVC e surtos maníacos ou psicóticos em pessoas predispostas. Além disso, há um alto risco de dependência química, dores intensas de cabeça e depressão severa após a interrupção abrupta do uso.
Vício e abstinência
O uso prolongado, mesmo dentro das doses recomendadas para TDAH, exige acompanhamento profissional. Fora desse contexto, o risco de vício é ainda maior. Estudantes relatam que a euforia inicial rapidamente dá lugar à insônia, fadiga extrema e a um estado de apatia. O que se segue é um ciclo doloroso: jovens que antes pareciam altamente produtivos se veem sem energia, sem motivação — muitos sendo levados pelas famílias a buscar ajuda médica para lidar com um quadro de abstinência profunda. E em uma sociedade que cobra performance ininterrupta, a sensação de “ser imprestável” é ainda mais cruel. Afinal, a perda da produtividade se transforma em perda de valor pessoal.
Riscos gravíssimos do mau uso
Outro ponto alarmante é a crescente comercialização ilegal do Venvanse. A droga circula por redes sociais e grupos clandestinos, agravando a escassez para aqueles que realmente precisam dela. A situação chegou a tal ponto que já se fala em “Doping Corporativo” — referência direta à ampla disseminação da droga entre profissionais da Faria Lima, um dos principais centros financeiros do país.
Priorize sua saúde e criatividade
Diante desse panorama, é urgente repensarmos o que, de fato, significa ser produtivo. A verdadeira produtividade não nasce de estimulantes químicos, mas sim do equilíbrio entre mente, corpo e relações saudáveis. E, claro, isso não é apenas uma responsabilidade individual: é preciso refletir sobre o modelo de sociedade que estamos alimentando. A vida só é possível na interdependência e na cooperação.
Por isso, cuide de você. Evite a automedicação. Procure profissionais da saúde — médicos, psicólogos, terapeutas — para lidar com questões como ansiedade, estresse ou dificuldade de concentração. Sua saúde é o seu maior ativo.
E para você, liderança que precisa desenvolver sua time para que o pessoal inove cada vez mais: aprender formas de conduzir pessoas em um processo criativo é possível e necessário. O primeiro passo? reconhecer esse fenômeno e buscar alternativas que REGENEREM o potencial criativo das pessoas.
Até a próxima!
